Porque dói

Dói porque tem que doer. Por que delicadeza não faz parte de mim, é feroz e ácido o que eu sinto. É estranho e constrangedor. Armaduras de papelão, armas de bolhas de sabão, armadas com saudade e desentendimento. Afinal, quem não gosta de um desentendimento?
Meu coração dói. Tá, dói porque talvez tenha que doer. Dói de saudade, dói de vontade, dói de amor, dói de confusão, de medo, não, pavor. Dói de tudo.
O violão se machuca também, mas é só pra aliviar meu peito. Minha garganta anda arranhada, mas é pra aliviar o desespero. Meus pulmões.. Ah, meus pulmões que o diga!
Não aguento mais minhas doses diárias de amor, é muito amor. Não aguento respirar essa fumaça de esperança, nem de espalhar pelos meus poros essa preocupação. É tudo tão delicado e áspero ao mesmo tempo, e minha pele é tão frágil.
Não, você sempre me disse que eu era maravilhosa.
Ah, o seu sorriso sempre se abria tão largo mesmo quando eu não dizia nada.
Meu silêncio não te incomoda, né. Ou talvez incomode e você só quer se agradável.
Eu ando ofegante, sabe. Abraçando a mim mesma no meio da rua, com frio nas pernas descobertas, comprando abraços de estranhos, estampando sorrisos maravilhosos no rosto quando a única coisa que eu quero é estancar no chão pra ver se assim eu consigo te ter.
Tô te buscando em outras coisas, mas eu tenho que parar, não consigo mais viver assim. Tudo me deixa, me larga, eu não consigo manter alguém. Eu não consigo nem manter você.
E meu coração? Meu coração dói, mas é só porque tem que doer. Te espero. Sempre.

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