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Affichage des articles du 2015

Violence

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Violência é viver contrapôr a ordem, ser orgânico Na coerção maquínica corpos não se reconhecem a dor é seiva viva Do que nos alimenta falta o entralaçar dos olhares mas, cruamente, falta o próprio alimento Privilégio não é levantar a voz é continuar vivo - que milagre! No tanger das peles não se sente mais nada; gozo mecânico, alegria calculada Preenchendo de vazio, curando a doença com o frio, voltando a pé pra casa - se houver casa Privilégio é não morrer de fome é sobreviver violência parece pré requisito pra viver

Tomber amoureuse

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"Você se apaixona muito fácil" "Apaixono nada", pensei. Que bobeira. Como assim apaixono fácil? Às vezes tenho umas epifanias, uns tremeliques, um apertinho engraçado. Nada demais, todo mundo tem. Conheci um menino. Ronaldo. 12 anos. Não sei se mora na rua mas está sempre nela. Encontrei ele três vezes na vida. Abraço ele forte, dou beijinhos no pescoço, finjo que fico brava quando ele mente dizendo que foi pra casa. Hoje vou pra onde ele costuma ficar. Estou nervosa. Fiquei pensando em como vai ser nosso encontro, que queria levar um livro para lermos juntos, de que forma vou abraçá-lo e se dessa vez ele vai me contar um pouquinho mais sobre a sua vida. Putz, acho que por isso dizem que me apaixono fácil. Não é, então, um estado de espírito. É ser. Eu sou apaixonada. Aceito, então. Me apaixono assim o tempo inteiro. Conto os minutos no relógio.

L'affection est révolutionnaire

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Você sabia que os índios sonham diferente ? Eles sonham com a unicidade, sendo e compartilhando do todo enquanto nós, ocidentais, sonhamos tão somente com nós mesmos. Qual a importância de se ver como um ser conectado ao todo e não descolado do resto? Numa estrutura onde somos impelidos a pensar sempre em nós mesmos em primeiro lugar, à competitividade e envoltos por um discurso meritocrático talvez a empatia e a conexão sensível com outros corpos seja realmente encarada como um defeito. É incômodo ter que conviver com o julgamento alheio mas, aqui vai uma dica: nada do que você fizer vai ser suficiente para todo mundo. Queremos um mundo com mais amor e cuidado mas tememos sermos julgados como fracos ou vulneráveis quando amamos e nos damos. Nunca vamos ser absolutamente bem interpretados pelos outros porque só quem sabe exatamente o que se passa em nossas mentes (e corações) somos nós mesmos, e isso é positivo porque quem tem que saber se essas atitudes condizem com nossas visões

Conseils par la vie

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Fiz uma lista no início desse ano que vira e mexe redescubro e me ajuda em muitos sentidos. Vou compartilhá-la aqui e quem sabe não ajuda mais alguém, né. São coisas que aprendi vivendo e que costumam dar certo. 1. Acupuntura e medicina oriental 2. Para curar um amor impossível: três semanas curtindo o "luto" + estar com pessoas que você ama e conhecer gente nova 3. Viajar é o melhor remédio. Para tudo. Tudo. 4. Ser simpática, carinhosa e afetuosa quando gostar de alguém (mesmo que seja umx desconhecidx) 5. Exercício físico é segundo o melhor remédio para tudo (depois de viajar) 6. Dinheiro não importa quase nada. 7. Fazer o que se ama não tem preço. 8. Cozinhar com/para alguém é melhor do que sexo. 9. Espinhas passam. 10. Você só atrai outras pessoas quando está feliz consigo mesma. Se ame, se toque. 11. As outras mulheres são suas parceiras, não suas rivais. 12. Seja sincera consigo, com seus sentimentos, com os outros. 13. Uma vontade não é tão importante

Aimer

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Eu não entendo quem sente pela metade. Quando eu sinto, sinto tudo, sinto (o) todo. O estômago embrulha, eu quero estar, quero ser. Me dá aquela aflição desesperada, aquele aperto no peito - a respiração prende involuntariamente. Gostar não é só gostar, é se apaixonar loucamente, perdidamente, entorpecidamente. É implodir, despedaçar, estalar a vontade, potencializar o devir. O encontro com o outro é sempre uma orgia de sensações que me comem de dentro da fora. E o aperto é proporcional a vontade de tocar, de olhar, de derramar as palavras, de trocar as vibrações angustiadas para que deem forma ao amor. Que delícia! Encontro pessoas assim o tempo inteiro; furtivamente me embalam. Como pode? Se apaixonar tanto todos os dias por tantas pessoas. E o que fazer com essa sensação de querer estar perto sempre? Ai, pra isso as viagens. Esse aconchego de se estar perto o tempo inteiro, de se conhecer, de brigar, de beijar, fazer as pazes, abraçar forte, brincar com os corpos, com os ol

Sonhos #2, #3, #4, #5 e #6

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#2 [Sonequinha no ônibus] Uma amiga minha estava grávida e super estressada com o nascimento do bebê. Mal via a hora da criança nascer. Depois de muito desespero no momento do parto eis que nasce... um polvo! Um polvinho, todo molenga. Seu companheiro fala: - Porra Carol, eu não acredito que você pariu um polvo! Um polvo! Olha isso, brother, como assim um polvo? - Ah vai tomar no seu cu, você tá falando mal do meu polvo? Olha como ele é maravilhoso! Você que é um escroto, vai se fuder. Acordei. #3 Fui numa feira erótica com meu companheiro. Entre vibradores e cordas de bondage vi, linda, em cima de uma cama, a Stoya de lingerie tirando foto e dando autógrafo para os fãs. Claro que tive que ir. Deitava na cama com ela pra pedir foto e começávamos a nos pegar. Ai. Que sonho. Mas logo rolava uma batida policial no lugar. Eu me escondia num banheiro minúsculo e os canas começavam a bater na porta. Vi um basculante minúsculo, subi no vaso sanitário e saí. Caí no mar; ap

Parfum

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Às vezes, nuns momentos aleatórios, eu descubro umas coisas engraçadas sobre cheiros. Durante muito tempo pensei saber qual era o cheiro do sexo de uma pessoa querida; num momento intimista comigo mesma, no entanto, descobri que era o cheiro do meu  sexo, e não do dela. Quando entrava no quarto dessa pessoa ou a abraçava sentia um segundo cheiro - maravilhoso! - até que descobri, entrando no quarto de outras pessoas queridas, que era só cheiro de cigarro e erva. Num outro momento, ao acordar de manhã envolvida nos lençóis com um outro amor - que suava por conta do calor - me embreenhei nas suas tranças até chegar ao pescoço e foi um dos melhores cheiros que já senti. Hoje pela tarde, no entanto, abracei minha cabeça com os braços e pude sentir esse mesmo cheiro - o meu cheiro. Talvez o nosso, mas prefiro que continue e pertença a mim. Assim me completar lânguida em mim mesma, nas memórias, no físico, no cheiro e no sabor; sou inteiramente minha.

Pela revolução da entrega

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É importantíssimo se construir como ser político (num sentido bastante senso comum, nesse caso) numa sociedade que segrega e oprime minorias. É necessário se engajar, lutar, reconhecer seus privilégios, apoiar as lutas nas quais você não é protagonista e talvez mais do que isso, ter um dever: o de não se acomodar. Um mundo que perpetua relações opressoras, no entanto, tem aspectos crucias para a manutenção da segregação, tais como o medo, a ignorância, a falta de tolerância e de empatia pelo outro, o egoísmo, a raiva, a expectativa e assim por diante. A hostilidade nos contamina e nos faz reproduzir, interna e externamente, o fato de sermos um sintoma dessa intoxicação contínua; exatamente por isso que lutamos - somos um sintoma de todo esse ódio. O conhecimento nos proporciona a capacidade de compreender o porquê de algo estar errado ou de ser prejudicial, o problema é que esse esclarecimento pode se tornar nocivo à nossa sensibilidade. Ao nos depararmos com a complexidade de