Espérer


Era mais que só um gostar. Ela era, sim, uma mulher incrível, mas como dizê-la que estava apaixonada? Apaixonada não só por Maria, mas também por Abelardo! Não era melhor simplesmente esquecer e fingir que ela fora a única paixão verdadeira de toda a sua vida? Não, isso era errado.
- Olha, eu te amo. – começou – Não chora, tá. Eu realmente te amo.
- Mas – e agora Maria olhava-a com olhos de preocupação, esperando o pior – eu não amo só você. Eu amo outra pessoa também.
- Como assim?
- O nome dele é Abelardo. Eu o conheci numa livraria aqui perto. Eu estou apaixonada.
- E como você consegue amar duas pessoas ao mesmo tempo? – choramingou.
“Como eu consigo amar duas pessoas ao mesmo tempo?”. Era uma boa pergunta. Nós somos ensinados que só podemos amar uma pessoa de cada vez. E, realmente, a vida toda ela só havia amado pessoas uma por vez. Mas, pensando nesse instante, se todas as pessoas que ela já havia amado estivessem em sua frente no exato momento que Maria lhe fez essa pergunta, ela também estaria amando todas ao mesmo tempo. Amor não se apaga, ele só fica guardado, meio jogado num canto do quarto, quieto, esperando pra que você se lembre dele e o pegue de vez em quando. Isso é amor. Ela era completamente fiel a seus amores. Fiel de alma, não de carne. Carne é carne e isso não significava nada para ela. Mas como explicar a Maria isso?

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