Cuidado

 

Acho que 2025 foi o ano do cuidado. Na verdade, meus últimos três anos têm sido sobre esse tema e, mais especificamente, o desenvolvimento do cuidado de mim para mim mesma.
 Se 2023 foi a quebra, a ruptura, e o alarme de que não estava sendo cuidada - nem pela cidade que eu vivia, nem pelo amor -, 2024 foi o ano de buscar cuidado no exterior. Me permitir ser posta no colo, ser cuidada por outros, me sentir só, mas também amparada. Me senti muito amparada pelas pessoas que entraram na minha vida e me sinto tão grata por ter encontrado com elas... Acho que elas nem sabem o quanto agradeço pelo tempo que passamos juntas.
 Ao final de 2024, entretanto, me senti mais potente e, pela primeira vez, podendo caminhar com minhas próprias pernas. Com medo, mas fui com medo mesmo. Me joguei em aventuras, quis provar o novo, quis arriscar e me sentir viva.
 De fato, no segundo semestre do ano, deixei de me sentir frágil para me tornar potente. Deixei de me pôr passivamente à disposição para tomar mais atitude e não ter medo de enfrentar novos desafios. Que lindo foi. E como vivi intensamente! Troquei de trabalho, de amores, viajei o mundo, provei ares e comidas diferentes, me provei. Melhorei.
Já 2025 foi o ano que mergulhei em mim. O ano que passei mais meses comigo mesma desde a adolescência ? Não sei dizer, mas sei que me parece que voltei a ser adolescente novamente, mas, dessa vez, com menos sonhos à realizar e mais sonhos realizados. Viajei sozinha algumas vezes, estreitei laços lindos, conheci pessoas maravilhosas. Realizei meu sonho de ver Iggy Pop e, ainda por cima, na minha cidade favorita! Realizei o sonho de ir no Obscene Extreme Festival. Viajei tanto! Decorei minha casa, passei tardes imensas num tédio absoluto - tédio esse que confundi com solidão algumas vezes, mas, chegado o fim do ano, percebo que era só espaço mental para que eu atravessasse as profundezas de mim mesma.
Me reencontrei comigo mesma de forma profunda. Em 2024 me reencontrei de forma potente, ativa, e, esse ano, me encontrei no meu íntimo, me investiguei nos meus desejos, nos meus valores, priorizei o que é importante pra mim. Disse milhares de "nãos", muitos deles muito dolorosos, mas que me reerguem. Ainda estou no processo.
Sou grata, eternamente grata, pela Beatriz do passado. Sou grata por meus pais, pelos meus cuidadores da vida toda. Perdi minha avó esse ano. Ela mora no meu coração. Disse muitas vezes que e amo a véia. Que amo minha mãe. Que amo meu pai. Que amo minha irmã. Que amo meus amigos. Disse muitas vezes "eu te amo".
Cuidei muito das pessoas, mas a pessoa que mais cuidei esse ano foi de mim mesma! Me senti tão frágil, mas tão forte, também. Me senti eu.
2025 foi o ano de limites, de me investigar, de cuidar de mim. O ano que mais cuidei de mim. Me sinto em paz.

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