Adaptabilité

 

A maior qualidade de ser humano é a inteligência.
A segunda maior qualidade é a adaptabilidade.

Isso explica porquê alguns seres humanos conseguem viver em cenários tão extremos, de frio, guerra, ou falta de recursos básicos, enquanto outros precisam de uma estrutura tão específica para dormir, tomando melatonina.
Tudo incomoda na proporção que nos é entregue. E tudo nos é irrelevante na mesma proporção.
Quando mudamos de cenário, de personagens, de roupa, as proporções também mudam. E o maior alterador de proporções que existe é o tempo.
Tão maravilhoso, tão generoso. Porque, na verdade, tempo e adaptação correm juntos e permitem que as coisas mais banais se tornem monstruosas, e que as mais horríveis se tornem belas.
Se, há um ano atrás, disesse pra mim mesma que estaria feliz, genuinamente feliz e realizada, me sentindo uma das personagens de Sex and the City (do nada!!) eu nunca acreditaria. Nunca acreditaria que tantos rompimentos me fariam encontrar uma pessoa tão maravilhosa, tão alegre!
Essa pessoa surgiu de repente, eu confesso. Ela veio como uma avalanche, não pediu licença. Abriu as janelas, mesmo com a brisa fria, tirou as cobertas da cama, arrumou as estantes e lavou tudo o que já estava encrostado. Essa pessoa sou eu?? Mas, eu nunca a tinha conhecido!
Meu maior encontro em 2023 foi comigo mesma, com meus desejos, meu tempo, minha vontade avassaladora de enfrentar meus medos e me jogar no mundo sem olhar para trás. A diferença da Beatriz do passado é que ela pensava mais do que deveria no futuro, e essa que encontrei agora, a que me dá banho e leva pra andar de bicicleta, ela vive tão intensamente o presente que não há espaço para o passado ou para o futuro.
Ela constrói laços, estuda, se movimenta, trabalha duro!, chega tarde em casa e toma banho, nutre o corpo e está conectada com seu desejo de uma forma abundante, serena e potente.
Ela se arrisca no desconhecido, respeita seus próprios limites, demonstra competência e carinho, bebe mais do que devia (às vezes) e menos do que podia (muitas vezes). Essa pessoa, que chegou assim, tão repentinamente na minha vida, tem me enchido de alegria.
Isso me faz pensar que a vida vale a pena. Que morremos para permitirmos que outra pessoa nasça no lugar. Eu morria de medo da pessoa ser amarga, triste, embrutecida, mas aparentemente ela chegou com a brisa fresca do outono, mais otimista do que antes, mas também com tanta sabedoria que não cabia na Beatriz no passado. Ela vem cheia de força, vontade de fazer acontecer, mas com a calma da experiência e do entendimento em si mesma, porque ela se conhece tanto que agora ninguém consegue fazê-la se confundir.
O grande sonho dela é aproveitar cada pedacinho, cada canto de todas as conquistas que ela teve até agora. Se deleitar nas formas, sentidos, espaços e trocas que acontecem. É tempo de descoberta, é tempo para o novo, que já tem sido tão bom! A certeza de que tomei as melhores escolhas, que fui coerente com o meu coração e com os meus valores, que consegui tantas coisas inimagináveis e tudo isso sendo amada amada amada, pelos que estão à minha volta e, principalmente, por mim mesma.
Acho que nunca me amei tanto. Nunca soube tão bem quem sou.
E que bom que a dor me ensinou todas essas coisas lindas, que bom que me abriu portas para conhecer essa pessoa que tem me acompanhado na alegria de viver. Ser humano é complexo, mas tão lindo. Quero acolher todos os sentimentos, renascer quantas vezes forem necessárias para encontrar essas fantásticas pessoas que existem dentro de mim!
O amor está aí. Está em mim. Em cada cantinho, em cada momento. Obrigada, vida.

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