Patience

 Eu fico impressionada com a sua paciência.
Não sei quanto tempo você ficou pensando em me escrever, mas eu confesso que fiquei surpresa. Não sei se mexeu com você me ver depois de tantos anos, ainda mais na festa temática em que estávamos.
E mais uma vez, não sei como, dou conta de saber das preferências sexuais de uma pessoa que não vejo há muito tempo. Fico me perguntando se isso ainda vai acontecer muitas vezes comigo.

Você é tão paciente e tão atento que me dá até calafrios. Tem alguma coisa de calculista no seu jeito e eu acho isso muito sensual. Eu nunca olhei pra você com esse olhar, mas definitivamente a coisa que mais me tira do sério é quando alguém me olha como você me olhava. Eu gosto dessa sensação hipnotizante em que o tesão sobe até a garganta e embrulha o estômago. Gosto quando você não trocou meia dúzia de palavras com a pessoa, mas está lá imaginando todas as situações possíveis onde você pode se ajoelhar aos pés dela e lambê-la até a boca secar só por uma única razão: tesão.
Eu acho essa forma de tesão a mais desconsertante porque é só um monte de ferormônio fritando a sua cabeça e mandando estímulos sem sentido pras extremidades do seu corpo: as mãos e os pés suam frio, a boca saliva, os olhos piscam rapidamente, os batimentos sobem e orquestram o latejamento dos genitais.
Você me olhava assim. Genuíno tesão. Suor nas mãos. Eu nunca senti elas, mas eu tenho certeza que elas escorregariam na minha pele.
Corta para oito anos depois. Não sei porque você me encontrou na internet, mas aconteceu. E sei menos ainda como foi possível saber que você gosta de brincar de dominação e submissão, mas aconteceu, então a indiferença deu espaço a um mar de fantasias que me ocupam eventualmente nas tardes quentes pós almoço na minha cama.
Eu imagino um possível encontro nosso de muitas formas, mas vou tentar reunir aqui alguns dos detalhes que me tiram a concentração do trabalho e me fazem cãibras no estômago.
"Onde é a sua casa?"
Eu te pergunto isso do absoluto nada. Só quero mesmo saber seu endereço.
"No centro, por que?"
"Posso passar aí mais tarde?"
Silêncio. Imagino você lendo essa mensagem e seus batimentos acelerando. Imagino você sem entender nada porque não houve nenhuma preparação além do vórtex imaginativo nas nossas cabeças, individualmente. É engraçado pensar que você já se masturbou muitas vezes pensando em alguém e esse alguém já se masturbou muitas vezes pensando em você, mas nada além de todo o tempo gasto em pensar putaria aconteceu de fato, então é estranho alguém só escrever tão diretamente assim. Mas eu fiz.
"Claro, que horas?"
Você claramente desistiu de perguntar o porquê porque, bem, é meio óbvio que eu quero transar. Mas como eu disse no início, você é muito atento e pergunta:
"Você quer beber alguma coisa?"
"Hmmm, eu posso levar alguma coisa, mas não precisa se preocupar muito com isso"
O perigo de sexo mais álcool é que tira a sensação de controle. Mas, também, começar totalmente sóbrio é uma tarefa difícil até para os mais autoconfiantes. Acho que talvez só os profissionais consigam administrar bem esse sentimento - e, mesmo assim, depois de muita prática.
Sinto uma explosão no ventre. Uma quentura que sobe pelo tronco e termina na altura dos pulmões.
São três da tarde e combinamos às oito. Tenho dificuldade em esperar o tempo passar, mas finalmente chega a hora em que ponho uma calça jeans, uma blusa qualquer e me jogo num táxi pra sua casa levando uma garrafa de vinho branco.
Toco a campainha, você abre em 5, 4, 3, 2, 1... o seu olhar é impagável. Parece que viu um fantasma. Você está morrendo por dentro.
Eu imagino que seja uma mistura de adrelina, tesão, medo e vergonha. Que ideia, né? Por que estamos aqui?
Tento manter a calma e sorrio longamente. Levanto a garrafa de vinho e faço menção de um abraço. Você retribui e pela primeira vez em todos esses anos nos tocamos. Eu sinto seu cheiro sutilmente, ainda embaçado pelo cheiro de sabonete.
Eu pensei em passar perfume, mas não passei. Eu gosto quando meu cheiro fica marcado e geralmente ele gruda nas coisas.
Solto o abraço e olho no entorno, a casa está arrumada, tem jazz tocando ao fundo. Bingo.
Falamos amenidades enroladas pela ansiedade. Você mora num apartamento pequeno, mas bem organizado. Eu me debruço na bancada da cozinha enquanto você pega as taças pra servir o vinho. Nos encaminhamos pro sofá. Tem uma poltrona na frente, mas prefiro sentar do seu lado e me virar pra te olhar.
Depois de algum tempo falando de qualquer coisa (na verdade, eu não estava muito atenta), te pergunto:
"Tá, mas vem cá... o que você quer que eu faça com você hoje?"
Pausa.
"Acho que o que você quiser"
"Não, tá... Mas o que você pensou? Teve alguma imagem que martelou na sua cabeça? Porque, eu não te contei isso antes, mas eu gosto mais de dominar do que ser dominada."
"U-hum.." - você engole em seco. Talvez eu devesse ir um pouco mais devagar porque a sua timidez força um tempo mais lento, mas quanto mais tímido e sem graça mais eu tenho vontade de te deixar desconfortável com esse assunto.
"Mas eu não gosto de porrada... tipo, spanking, não é a minha praia. Eu gosto mais de humilhação, mais psicológico" - continuo. - "Você acha que podemos tentar?"
"Sim" - você diz esse sim num murmúrio baixo. Eu prefiro pensar que o tesão está te encapacitando de falar.
"Se ajoelha" - digo.
Você afasta a mesinha de centro e se ajoelha na minha frente devagar. Nos olhamos. Eu abro as pernas pra você conseguir chegar mais perto e você entende o movimento, se aproximando.
"Me beija" - digo isso me aproximando o suficiente pra que você consiga me alcançar. Tocamos os lábios pela primeira vez. Eu amo esses primeiros beijos em posições nada convencionais.
Depois que descolamos as bocas eu peço pra você me cheirar. Tiro o cabelo do pescoço e ofereço ele. Você agora põe as duas mãos nas minhas coxas e enfia o rosto no meu pescoço, enchendo o pulmão. Eu oriento sua cabeça pra me cheirar desde a nuca até entre os meus peitos, esticando o decote da blusa.
Voltamos a nos beijar e as suas mãos agora passeiam por vários lugares. Eu seguro a base da sua cabeça e o seu pescoço, acompanhando o movimento. Minha buceta lateja. Tiro a sandália do meu pé direito e subo ele na sua coxa até encontrar seu pau por cima da calça.
"Senta aqui" - e você se levanta do chão e volta pro sofá. Eu subo em cima de você e agora estou mais alta. Tiro a blusa e deixo você beijar meus peitos. Seguro sua cabeça persistentemente e a troco eventualmente de um mamilo pro outro, enquanto você segura meus peitos com força. Impossível não movimentar o quadril em cima de você enquanto sinto seu pau ficando duro. Dá vontade de botar ele pra fora, mas a única coisa que ele vai fazer a noite inteira é latejar dentro da sua calça. Você só não sabe disso ainda.
Depois de alguns minutos eu pego a sua mão e levo ela pra dentro da minha calça. Aproveito para desabotoá-la enquanto você abre meu zíper e começa a me masturbar. Nesse momento já estou tão louca pra ser penetrada que empurro seus dedos pra dentro de mim. Não funciona durante muito tempo, então fico em pé para tirar a calça. Quando faço isso você faz menção de tirar a sua.
"Não" - digo.
Você larga o botão da calça.
Termino de tirar a minha calça e volto pra cima de você, agora só de calcinha. Você continua vestido e nós continuamos a nos beijar enquanto eu levo de novo sua mão pra minha buceta e você volta a colocar os dedos em mim.
Saber que você não vai me penetrar me dá um grande tesão, mesmo eu querendo muito.
"Preciso te chupar" - você me diz.
Me sento de volta no sofá e você se ajoelha novamente. Eu escorrego o corpo pra ficar mais perto da sua boca e você começa a me chupar enquanto põe os dedos. Eu seguro a sua cabeça e volto a roçar meu pé no seu pau.
Você faz menção de abrir a calça de novo e eu afasto sua cabeça da minha buceta e te bato no rosto.
"Por favor" - você me pede.
"Não" - respondo.
Você treme de tesão e continua me chupando. Chego perto de gozar algumas vezes, mas é sempre mais difícil na primeira vez com alguém. Depois de algum tempo peço pra você se sentar de novo no sofá e sento em cima de você.
Não poder nem tocar no seu pau faz você suar frio, você me olha cansado, embrulhado, com tesão contido pronto pra implodir. Nessa hora penso - só penso - em deixar você se tocar, mas prefiro só fazer alguns movimentos com a minha mão por cima da sua calça. Seu quadril mexe agonizantemente, você respira rápido enquanto nos beijamos. De novo eu pego sua mão e encaixo seus dedos. Me masturbo com uma mão e entrego um dos meus peitos na sua boca enquanto rebolo em cima de você.
Gozo.
Gozo.
Gemo baixinho contraindo o tronco em cima de você, chego perto do seu ouvido, respiro profundamente.
Gozo.
E alguns tremeliques, também. Abro um sorriso largo. Beijo seu rosto longamente, te olho, te beijo de novo.
Seu pau ainda pulsa dentro da calça. Você me olha com uma cara confusa. Satisfeito e desolado. Incrédulo e descontrolado.
"Você não vai me deixar gozar, né?" - perguntou.
"Não" - respondi - "E tem mais... eu quero que todas as vezes que você se masturbar pensando em mim você me mande uma foto da sua mão. Só da mão, sem nude, eu só quero mesmo é saber quando você se tocou pensando em hoje"
Saio de cima de você e nos deitamos lado a lado, abraçados. Você me beija longa e demoradamente, com tesão, com a respiração densa e forte. Te beijo feliz.
Ficamos um tempo assim, meio sonolentos, mas depois decidimos ver um filme juntos. Fiquei impressionada com o quanto você se comportou e se conteve, porque não fez menção de querer gozar mais.
Mas, como eu disse, você é muito paciente.

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