apathie

Eu só consigo escrever em tema escuro. Ainda mais porque estou sem óculos.
Segunda-feira, onze horas e sete minutos. Estou com sono. já.
As últimas semanas foram de loucura intensa. A vida está cheia de acontecimentos. Conto alguns interessantes: propostas de trabalho no exterior, aprendizados relevantes e significativos no trabalho atual, novas amigas e saídas agradáveis com estranhas do whatsapp, um ménage que saiu pela culatra e remexeu toda a base romântica da minha vida, um câncer parcialmente tratado, uma morte.
São tantas coisas e tantas delas tão absurdas e fantásticas... e ainda assim de uma forma estranha me sinto anestesiada da vida. Me sinto experimentando apenas a casca grossa que é o corpo humano.
Senti dor essas últimas semanas, com as questões do coração, mas antes disso eu só sentia tédio. E uma pitada de arrogância.
Tenho sentido uns prazeres da carne, tipo andar de bicicleta, fazer depilação a laser, fazer sexo e comer chocolate. Mas são prazeres com início, meio e fim bastante delimitados. Vivi uma nova história romântica que não me fez sentir frio na barriga. As amizades não me dizem muito, também. Acho tudo tão chato.
Fico me perguntando se isso é um fruto da pandemia.
É certo que nas últimas três semanas senti dores intensas dentro do meu coração, mas até na dor de uma possível separação havia uma sombra de apatia. Talvez doesse mais porque eu não conseguia sentir tanto.
Difícil ainda formular isso tudo, mas estou tentando.
Estou tão absorta nos prazeres da carne que acho que esqueci como é sentir o frenesi. Os últimos dois anos e alguns meses eu só senti um ímpeto robótico de fazer o que deveria ser feito. E depois senti dor. E o prazer era sempre um prazer tão pontual que não sei mais se sei o que é sentir prazer. Prazeeeeer, eu digo. Não o prazer de comer chocolate.
Parece que a vida não tem mais graça.
Eu faço apenas porque preciso fazer e porque sei que queria alguma coisa, há alguns anos atrás. Corro atrás dessa ideia dessa pessoa que eu era antes, mas não sei quem eu serei quando conquistar isso. Nem sei se quero isso mais.
Enfim, veremos.

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