Je nous imaginais, juste maintenant, de cette façon


- Já que a gente tá aqui conversando há tanto tempo, vamos encontrar? Você pode agora?
- Agora?
Tá, vamos.

Meia noite e meia. Um boteco qualquer no Joá.
É estranho saber o que uma pessoa gosta antes de efetivamente conhecê-la. Quer dizer, nesse caso eu o conhecia, mas a gente nunca tinha transado e eu já sabia as preferências sexuais dele. Foi por causa disso que resolvi chamá-lo pra sair e, enfim, aqui estamos.
A gente se dá bem, parecemos dois velhos amigos (e, de fato, nos conhecemos há algum tempo) e acho que tá tudo bem se não ficarmos com tesão. Ou se um dos dois não ficar.
Ele tem um sorriso largo.
Acho que o sorriso é grande na proporção inversa dos olhos miúdos. E quanto mais ele abre a boca mais os olhos fecham. É bem bonitinho.
- Como tá sendo as aulas? - acendo um cigarro. Acho que estou nervosa.
- Tá ótimo! Eu realmente gosto muito.... - blábláblá e o papo flui maravilhosamente bem.
Tomamos quatro cervejas, geralmente é a minha cota pra ficar "altinha". Um momento de silêncio.
Ele pega na minha mão.
- Posso te propor uma coisa?
Ele só responde com o sorriso.
- E se a gente for extremamente devagar?
Ele ri.
- É sério... é que esse tesão da primeira vez que estamos ficando com uma pessoa é muito louco, né? Você pegou na minha mão agora e eu arrepiei. E se a gente levar essa sensação até o limite?
- Eu gostei disso.
Eu estava realmente muito nervosa em propor esse tipo de coisa.
- Mas, assim. Eu sou meio impaciente, sabe? Eu gosto de ir meio direto ao ponto então eu preciso que você me segure e eu te seguro, se não a gente não consegue - eu disse.
- Sim, sim. Acho que você tem toda a razão.
- E se estiver ruim você me fala porque, afinal, é uma experimentação.
- Tá bom.
Estamos sentados de frente um pro outro. Uma mesa de distância entre nós e mais algumas garrafas. Tiro o tênis e apoio um pé na cadeira dele.
- Me faz uma massagem?
Eu não fico muito confortável nesse lugar de receptora das ações - prefiro estar em movimento. Mas acho também que vale se esforçar pelo jogo.
Ele decide tirar a meia pra fazer a massagem.
Durante um tempo ficamos em silêncio. Eu olho pra um ponto invisível no espaço, sinto uma ardor no peito. Depois olho pra ele - ele olha pra mim. Difícil segurar o olhar assim, com tesão, se contendo.
Conversamos sobre alguma coisa qualquer, só pra preencher o vazio. Estamos mais preocupados com outra coisa.
- Posso te beijar? - ele pergunta.
- Não. Mas pode me cheirar.
Chega mais perto.
Ele põe a cadeira do meu lado, não temos mais uma mesa de distância.
Dou o pulso pra ele cheirar. O braço, os dedos. Eu sei qual é o cheiro da minha pele e ele só está descobrindo agora. A ideia da descoberta me fascina.
Tiro o cabelo do pescoço. Ele entende e se aproxima.
É muito louco como só o roçar das peles já dá um prazer imediato. O jeito que ele desliza pela minha nuca, só respirando.
Olho pra ele, está nitidamente nervoso também.
Eu sinto uma espécia de enjoo quando sinto muito tesão, não sei explicar. É um embrulho no estômago que pesa e me faz sentir calor. É incontrolável e mais ruim do que bom.
- Pode beijar se quiser.
E, pra minha surpresa, ele só beija com os lábios bem cerrados. Devagar, macios. Sem grandes estripulias linguais nem nada do gênero. Agora começo a ficar angustiada.
- Eu sinto o cheiro da sua buceta daqui - estremeço.
Encostamos os narizes, eu sinto o cheiro dele. O cheiro que sai de dentro dele. Roçamos os lábios, só roçamos. Até que o embrulho me toma por completo, chega até a garganta:
- Vamos pedir a conta?
Nos olhamos. Estou derretida.
- Vamos.
O tempo de espera não teve grandes tramas. Apoiei a mão na perna dele e ele pegou minha nuca, jogando minha cabeça pra baixo. Deslizamos as mãos em sincronicidade. Estou tentando controlar o enjoo.
Pagamos e nos jogamos num táxi. Fomos pra casa dele - ele mora com a mãe, mas era mais perto. Ficamos de mãos dadas, conversamos mais um pouco, as coisas pareciam um pouco mais sob controle.
Era tarde já quando chegamos, estava tudo escuro.
Fomos direto pro quarto dele, fui no banheiro mais uma vez e, quando fechei a porta, minha vontade era beijá-lo incansavelmente. Que agonia.
Ficamos de frente um pro outro, nos abraçamos. Nos cheiramos. Encostamos as peles.
Sentei na cama. Ele ficou em pé na minha frente. Fiquei de frente para o quadril dele, as calças apertadas já não seguravam mais muita coisa.
- Ajoelha.
Ele ajoelhou.
Pôs as mãos nas minhas coxas e nos beijamos.
Depois de mais de uma hora, nosso primeiro beijo. Já tínhamos nos beijado quando éramos adolescentes e eu lembrava que havia algum encaixe, mas nada parecido com o encaixe da espera, do aguardo.
Parecia que eu tinha tomado uma cachaça de jambu: os lábios dormentes, os pelos arrepiados, o pulso latente.
Cuspi na boca dele.
Continuei o beijo.
Senti um tremelique nele. Um nervoso.
Tirei a blusa, interrompendo o beijo. Depois voltei a beijá-lo.
- Beija meus peitos.
Nirvana.
Tem alguma coisa que conecta os seios a um lugar muito mágico dentro de mim. Não sei exatamente como se dá essa conexão, mas minha buceta latejava, meus músculos contraíam, eu estava totalmente fora de mim.
Foi algum tempo que ele ficou nos meus peitos. Eu segurava ele pelos cabelos e mirava sua boca para o outro mamilo, revezando. Um tempo depois o embrulho voltou. Tive espasmos.
- Cheira minha buceta.
Ele demorou dois segundos para largar meus peitos, me olhar nos olhos e obedecer. Primeiro, fez por cima da calcinha. Devagar.
- Posso tirar?
- Pode.
Tirou minha calcinha e me cheirou. Só encostava o nariz.
- Beija.
E me beijou do mesmo jeito que beijou minha nuca no bar. Lábios cerrados. Devagar. Beijou intermitentemente, de cima pra baixo, depois de baixo pra cima. Os lábios, o clitóris, deu atenção a tudo.
Eu comecei a me debater.
Até que senti sua língua, de baixo pra cima. Uma, duas, cinco vezes. O mesmo movimento lento e úmido. Depois ele mudou os movimentos, mas eu não podia focar naquilo.
- Fica em pé.
Acho que ele ficou um tanto frustrado com a ordem.
Levantou o quadril na altura da minha cabeça e eu tirei seu cinto, abri o botão e o zíper. Minha vontade era botar tudo na boca, mas sabia que não podia pular as etapas.
O cheirei. Do início ao fim. Ele já conhecia seu cheiro e eu estava conhecendo agora. Que dádiva os ferormônios quando se encaixam.
Beijei seu pau da mesma forma que ele o fez: devagar, seco, pontual.
Quando eu olhava pra ele seus olhos estavam fechados. Eventualmente eu podia ver o arrepio nos seus braços.
Aos poucos, com a língua, fui encontrando os sabores.
Gemidos.
Mas nenhum dos dois já aguentava mais a lentidão.
Acho que chegamos onde gostaríamos de ter chegado.

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