Un autre


Ele a queria. Mas não da mesma forma que já tinha tido-a. Ele a queria de uma forma mais leve, pra beijar pelos corredores, como se seu corpo fosse o de uma bailarina num espetáculo pra umas poucas trezentas pessoas conhecidas, podendo utilizar-se de seu corpo pra projetar-se da escuridão daquele palco já caindo aos pedaços.
Ela tinha sorrisos tímidos. Já fora mais sua, agora ela era só aquele grande ponto de interrogação que era no íncio. Ele sempre teve loucura pelo seu jeito de não olhá-lo nos olhos e de como seus lábios se mexiam quando tentava falar de sentimentos. Mas percebia, muito bem, que não servia pra ela. Talvez tivesse servido, há dois ou três meses atrás. Não mais.
Para não perder o costume, agarrava a cintura de outras pelo corredor. Elogiava os sorrisos e olhos das mesmas. Beijava-as sem pudor, com seus olhos cor-de-mel e lábios entreabertos, sedentos por carne e alma.
Desde então, sempre deixou sua bailarina sozinha. Tentando redimir todo o esforço de estar sem um parceiro em cena, num palco caindo aos pedaços, para uns trezentos conhecidos.

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