Reflexões, parte I

Antigamente eu me lembro de estar sempre calada, na minha. Normalmente o único ser com o qual eu tinha maiores diálogos era com a minha irmã, e mesmo assim naquela época ela era pequena, portanto ou não entendia nada ou saia correndo pra falar pra todo mundo. Eu gostava de escrever, secretamente gostava que as pessoas lessem o que eu escrevia, também, só pra saberem como estava me sentindo. Com um tempo, ser xingada, rirem de mim e me ignorarem já fazia parte da rotina. Eu não ligava muito, mesmo que não pareça eu acho que fui uma criança feliz. Passava praticamente todo o meu tempo na casa dos meus avós, dessa forma nunca poderia me queixar de não estarem me dando atenção.
Aos poucos eu comecei a crescer, as pessoas começam a falar que você não pode ser submisso nem ouvir calado, que você deve agir, ser você mesmo, defender seus ideais e não se deixar influenciar. Mesmo assim seria difícil largar minha vida silenciosa a uma na qual eu defendesse o que penso, dou respostas rápidas e... bem, vocês entenderam.
Recordando um post do Doug, percebo agora que realmente são as leis da selva, para sobrevivermos temos que aprender a magoar e a suportar mágoas.
Esse negócio de magoar não é comigo. Talvez não me sinta à vontade porque já fui tão magoada antes que não desejo isso pra ninguém, mas além de tudo, eu era uma criança relativamente forte. Tudo isso me fez fazer meio que uma bolha, a qual eu só saio quando realmente acho que está seguro. Sinceridade não é comigo. Não que eu seja uma pessoa mentirosa, acho que mentiras são coisas muito delicadas, mas sinceridade daquelas de você falar tudo o que pensa sem.. pensar no outro. Esse negócio de pensar no outro é difícil, difícil de verdade e admito (principalmente quando você já tem intimidade suficiente com uma pessoa a ponto de saber que não importa o que disser ela sempre estará ali), muitas vezes acabo não pensando no outro por... descuido. Na verdade, na maioria das vezes, penso em mim. Em como aconteceu isso e aquilo comigo, de como poderia ser melhor, de como sofro e idiotices do gênero. Não é verdade. Sofrer é pros fracos, eu sou forte. Ou penso que sou. Não sei se ser forte é retrucar comentários maldosos, é cair na porrada com os outros, é ser diferente pra tentar ser alguém e na verdade ser igualzinho a todo mundo. Penso mesmo se todo esse blá blá blá vai nos levar a algum lugar. Se amar fosse tão simples, porque o mundo é tão cheio de problemas? E a tal da paz? Se todos quiséssemos mesmo ela começaríamos dentro de nós mesmos, dentro de nossas casas, com nossos amigos, parentes e com qualquer ser humano a nossa volta. Somos pequenos hipócritas, na realidade, exigindo o que não temos de nossos superiores.

Afinal, do que adianta tudo isso?

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