Délinquance
Cheguei na sala dos professores e um coroa falava, meio puto: - Esse menino é traficante. Não entendi porque ele está aqui. Fui perguntar e me disseram que foi porque o juiz mandou, que ele estava em observação e precisava estudar. Eu não dou aula pra bandido! Ele não faz nada, fica com fone de ouvido a aula toda. Não quero, não quero, não quero bandido na minha sala. Ele olhava pra mim de vez em quando. Não disse nada mas também não tirei os olhos dele. Minha cabeça borbulhava. Os outros professores, uma mulher de quarenta anos com um microfone e caixa de som portáteis pendurados na cintura, outro, um senhor de uns sessenta anos que parecia meio nervoso, e o professor que me acompanha - Zé Mauro -, de quase sessenta também, que quando notou minha expressão (ou falta de) e os olhos vidrados, disse logo: - Acho melhor irmos, né. Não sei se adiantaram a aula da 701. Levantei. Disse algo como "tudo bem" ou "vamos lá" e saí. O professor que falava do aluno trafic...